No início do ano no Brasil já sabemos que há fortes chuvas e que fazem estragos principalmente para a população de baixa renda. Um exemplo disso foram as fortes chuvas dos meses de fevereiro e março deste ano de 2020 na região sudeste, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
No início do mês de março na baixada santista, estado de São Paulo, choveu em um período de 12 horas entre 110 mm a 300 mm, dependendo da região, segundo portal G1, e como consequência pessoas perderam suas vidas, outras estão ainda soterradas e aquelas que sobreviveram muitas destas perderam familiares, bens materiais e estão desalojadas.
Figura 1 – Dados de 03 de março de 2020 do portal G1
Passadas as tragédias e com o fim das chuvas, os problemas são esquecidos não só pelos nossos governantes, mas também pelo povo. Quem garante que passada as chuvas torrenciais, famílias de baixa renda não estejam construindo novas moradias em encostas e áreas de risco? E o que o Governo faz para evitar a construção dessas novas moradias? E quais ações são tomadas com as moradias que já estavam em encostas e áreas de risco e não foram afetadas?
Figura 2 – Bombeiros do Guarujá – Portal G1
Do ponto de vista de Gestão de Risco, algumas ações poderiam ser tomadas, com o objetivo de ao menos reduzir os impactos, tais como perda de vidas humanas e perda material de moradias. Tais ações também reduziriam o desembolso do Governo quando ocorrem essas tragédias, já que nesses casos o Governo libera o saque do FGTS para as famílias afetadas e outras despesas por conta da tragédia.
O dinheiro que o Governo poderia estar economizando com práticas de Gerenciamento de Risco, poderia estar ampliando o investimento em construção de casas populares fora de áreas de risco, e removendo todas as famílias em casas construídas em encostas e áreas de risco.
Vale destacar que não é só o Governo que tem responsabilidade, mas o povo também tem sua parcela de culpa. Nas grandes metrópoles brasileiras, grande parte da população joga lixo na rua, fazendo com que os bueiros fiquem entupidos, e quando vem à chuva, a água não consegue escoar. Como consequência vemos ruas alagadas. Toda ação gera uma reação.
Figura 3 – Lixo na rua – Fonte: ecodesenvolvimento.org
Figura 4 – Bueiros entupidos – fonte: joaopessoa.pb.gov.br
A GESTÃO DE RISCO EM AÇÃO
Na cidade de Tókio, no Japão, sofria com temporais e com tufões, inundando muitas regiões. Foi feito um Projeto parecido com os piscinões de São Paulo, no caso de Tókio são túneis, o maior com 4,5 Km de comprimento para escoar a água. Desde de 2005 não há enchentes em Tókio. A diferença de Tókio para São Paulo, é que além dos japoneses serem um povo preocupado com a limpeza (vimos isso durante a Copa do Mundo de 2014 onde eles cataram os lixos nas arquibancadas nos estádios), foi feita uma campanha para que as pessoas não jogassem lixo na rua, caso contrário, entupiriam os bueiros e o objetivo do Projeto não seria alcançado.
Essa campanha podemos considerar como uma ação de mitigação de risco ao não entupimento dos bueiros, e a construção dos túneis, também foi uma ação de mitigação contra as enchentes. As duas ações em conjunto fizeram com que praticamente fosse eliminado o risco de enchentes em Tókio.
Veja o vídeo com a reportagem do Projeto em Tókio.
ALERTA EM ÁREAS DE RISCO
O IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológica de São Paulo – lançou um vídeo onde demonstra os Riscos de desmoronamento, e fala sobre as ações que as pessoas precisam tomar para evitar tragédias durante as chuvas de verão.
Cabe aos nossos governantes a iniciativa de ações para minimizar os impactos durante os temporais no verão brasileiro. Traçar ações de mitigações, tendo participação as três esferas governamentais, entidades, ONGs, representantes de comunidades, e todas as partes interessadas que poderão contribuir no planejamento das ações.
É importante frisar a importância das ações preventivas ao invés de ações corretivas. As ações preventivas nos fazem refletir e prever ameaças e oportunidades, o que nos dará a chance de evitar ou ao menos minimizar as consequências no caso de ameaças, e também tirarmos proveito de oportunidades. Isso tudo se resume à pratica e adoção de Gestão de Risco que vem acompanhada de um bom planejamento.
E no caso dos impactos causados pelas chuvas de verão no início do ano, o Brasil tem de sobra dados históricos para que se faça um bom planejamento de Gestão de Risco. Basta apenas boa vontade do poder público e das partes envolvidas.
A chuva não somos capaz de controlar, mas o que está sobre nossos domínios podemos ser proativos e tomar ações para que no próximo verão os impactos sejam reduzidos.
A Gestão de Risco neste artigo foi feita uma análise em um cenário de chuvas com fortes impactos, inclusive envolvendo vidas. Na sua empresa, em seus projetos e até na sua vida pessoal, você toma ações no dia a dia para se antecipar a ameaças e tirar proveito de oportunidades?